TRADUÇÕES - DOENÇA DE PARKINSON

Este blog destina-se a textos traduzidos sobre DP e integra o site (conjunto de blogs) Doença de Parkinson.

quarta-feira, março 15, 2006

DEPOIS DO ESCÂNDALO SUL-COREANO

“A Pesquisa da clonagem e das células-tronco embrionárias depois de Seul: Examinando a exploração, fraude e os problemas éticos da pesquisa.”

Reunião do Sub-Comitê para Justiça Criminal, Política de Medicamentos e Recursos Humanos, do Senado Americano.
Discurso de abertura do seu Presidente desse Comitê, Mark Souder.

Março 7, 2006

Boa tarde. Agradeço a presença de todos. Estamos aqui para examinar aspectos controversos da clonagem humana e da pesquisa com células-tronco embrionárias a luz do grande escândalo científico sul-coreano.

Este escândalo revelou que a pesquisa da clonagem alardeada por proponentes da clonagem humana e a pesquisa de células-tronco embrionárias eram uma fraude. O escândalo trouxe também à luz o fato perturbador de que mulheres receberam grandes somas e assistentes foram coagidas a "doar" - se esta é palavra certa - seus óvulos para a pesquisa de células-tronco e de clonagem, violando o acordo de Helsinque.

As pesquisas de células-tronco embrionárias e da clonagem humana tem sido tema de um intenso debate político e social nos últimos anos que perdura. A pesquisa de células-tronco embrionárias requer a destruição de embriões humanos para colher seu material, e a pesquisa da clonagem envolve a criação deliberada de embriões humanos clonados e depois destruídos com a única finalidade de obtenção de suas células-tronco.

Os proponentes dessas pesquisas prometem que resultarão em terapias e cura para inúmeras doenças, embora haja pouca evidência empírica que isso possa acontecer. Do fato, não há atualmente nenhum teste clínico em humanos ou aplicação terapêutica usando humanas.

E aqui eu citarei o professor britânico Lord Winston, especialista em células-tronco: "Um dos problemas é que para persuadir o público que nós devemos fazer este trabalho, frequentemente nos excedemos e prometemos o que não podemos conseguir... Eu não estou convencido inteiramente que as células-tronco embrionárias possam realizar, no curso de minha vida e possivelmente da vida de qualquer um envolvido com o tema, o que nós tão desesperadamente aguardamos."

Em contraste com a falta de qualquer aplicação terapêutica usando células-tronco embrionárias, as células-tronco de adultos forneceram benefícios terapeuticos aos pacientes humanos pelo menos para 67 doenças. Não obstante, mesmo na ausência de aplicações terapeuticas para células-tronco embrionárias, os cientistas tem deixado bem claro que procuram usar células-tronco de embriões humanos clonados como material de pesquisa.

Vários são os críticos da pesquisa da clonagem da pesquisa e da pesquisa com células-tronco embrionárias os quais levantaram uma miríade das objeções à pesquisa:
- A pesquisa requer necessariamente a destruição de embriões humanos vivos (e no caso da clonagem, na criação especial dos embriões a ser destruídos para obter suas células-tronco).
- A pesquisa requer necessariamente um grande número óvulos, conduzindo provavelmente à exploração de mulheres a fim obter seus óvulos para a pesquisa.
- Os advogados da pesquisa da clonagem e das células-tronco embrionárias criaram a idéia falsa de que esse não tem apoio na ciência atual, jogando com as esperanças de pacientes que sofrem de algum mal.

Este criticismo surgiu apoiado na pesquisa de clonagem conduzida pelo Dr. Hwang [pronuncia-se wong], cujos dois artigos foram contestados em janeiro pela revista que os publicou inicialmente. Além a admitir que fabricou deliberadamente dados, Hwang admitiu também as circunstâncias sob as quais obteve óvulos para sua pesquisa, e que de fato tinha usado óvulos de cientistas iniciantes de seu laboratório - uma violação da declaração de Helsínque – bem como de doadores pagos.

Os céticos da clonagem e da pesquisa com células-tronco embrionárias, advertiam consistentemente que o volume de óvulos necessário para sustentar esta linha de pesquisa a torna inviável, sendo um convite para deslizes éticos como a tentativa de explorar mulheres para obter seus óvulos. As pesquisas de Hwang confirmam esses temores. Relatou inicialmente que tinha usado somente 185 óvulos de doadoras, número que a comunidade científica admitia ser flagrantemente baixo. Agora os investigadores acreditam que mais de 2.200 óvulos foram obtidos de 119 mulheres.

Algumas doadoras relataram que estavam necessitando desesperadamente de dinheiro quando lhes foi oferecido em pagamento mais de 1400 dólares por seus óvulos. Segundo Comitê Nacional Sul-coreano de Bioética, as mulheres não tinham sido informadas corretamente sobre os riscos a sua saúde: 15 a 20 por cento dessas mulheres desenvolveram o síndrome ovariano da hiperestimulação.

Este escândalo científico não é um incidente isolado, sem relação com os esforços de pesquisa dos EUA. Ao contrário, destaca claramente problemas potenciais inerentes às pesquisas da clonangem e das células-tronco embrionárias, incluindo mas não limitado à exploração, fraude e coerção. O incidente é um alerta sério contra procedimentos nessas áreas de pesquisa, que devem ser mais cautelosamente examinados em termos dos custos sociais. Seria completamente irresponsável agir de outra maneira.


O Dr. Hwang não era um cientista maroto que operava na periferia de seu campo sem nenhum visibilidade. Atuava em um ambiente que os proponentes da clonagem e da pesquisa com células-tronco embrionárias gostariam de ver adotado nos EUA:
- O Dr. Hwang desfrutou do apoio total de seu Governo, que promoveu abertamente sua pesquisa e a financiou com dezenas de milhões dos dólares.

- Dr. Hwang também desfrutou de grande sustentação popular e concordou em conduzir sua pesquisa sob protocolos éticos aceitos.

- O Dr. Hwang suspendeu sua pesquisa até que normas sobre ética foram promulgados pelo Governo Sul-Coreano, para demonstrar sua disposição em acatar esses padrões.

- A pesquisa do Dr. Hwang foi conduzida com a aprovação de conselhos editoriais de duas revistas científicas separadamente.

Contudo, as ações do Dr. Hwang representam a concretização de cada aviso desconsiderado pelos proponentes da pesquisa de clonangem e da pesquisa de células-tronco embrionárias: milhares dos óvulos foram obtidos por compra e a coerção; muitas mulheres sofreram consequencias terríveis pois não foram informadas corretamente dos riscos; uma única linhagem de células-tronco embrionárias sequer foi obtida para as dezenas de milhões de dólares investidos pelos fundos do governo na pesquisa; pacientes ansiosos foram enganados sobre o potencial da pesquisa.
Como disse o pesquisador de células-tronco Ron McKay sobre o falatório envolvendo a pesquisa de células-tronco embrionárias e as distorções que não são corrigidos prontamente por cientistas: "Para começar algo, as pessoas necessitam um conto de fadas. Talvez isso não tenha fundamento, mas necessitam uma história que seja relativamente simples de compreender."

Nosso exame hoje incluirá uma vista geral das políticas federais atuais relacionadas a estas áreas de pesquisa. Em especial, ouviremos quais proteções extras existem nos Estados Unidos que impediriam o tipo de fraude ou de exploração detectada na pesquisa de Hwang. Também de interesse especial para a subcomissão são as concessões federais enormes que foram concedidas à Universidade de Pittsburgh, do pesquisador Gerald Schatten, que foi inicialmente um co-autor em um dos artigos fraudulentos de Hwang.

Nós ouviremos também cientistas, especialistas em ética, advogados de mulheres, e um advogado paciente que discute essas áreas da pesquisa e os problemas a elas sabidamente associados.

Nosso primeiro painel de hoje está a cargo deJames F. Battey, membro da força de tarefa de célula-tronco do NIH, e diretor do Instituto Nacional da Surdez e outros Distúrbios da Comunicação; Bernard Schwetz, diretor do Escritório para Pesquisa para Proteção Humana; e Chris B. Pascal, Diretor do Escritório da Integridade da Pesquisa.

O segundo painel está cargo do Dr. Richard Chole Lindberg [pronounced kōl], Professor e Chefe do Departamento de Otolaringologia, da Washington University School of Medicine, St. Louis; Ms. Judy Norsigian [pronuncia-se nor-see-jin], Diretor Executivo da Our Bodies Ourselves; co-autor do livro "Our Bodies, Ourselves"; Ms. Diane Beeson, Professora Emérita do, Departamento de Sociologia e Serviço Social, California State University, East Bay; Mr. Richard Doerflinger, Diretor do Secretariado para Pro-Life Activities,. Conferencia dos Bispos Católicos dos EUA; Debra Mathews, Directora Assistante para Programas Científicos, The Phoebe R. Berman Bioethics Institute; and Joe Brown, Parkinson’s Action Network State Coordinator of Texas.

FONTE: GOVERMO DOS EUA

Tradução: Marcílio Dias dos Santos (ao correr do teclado. Aceita sugestões e reparos)

Obs: Todos depoimentos apresentados ao Comitê estão on line.