GENE DO SONO NORMAL




"Embora dormir ocupe um terço da vida, a função do sono ainda é um enigma, lembram os pesquisadores na introdução ao trabalho. O estudo que deveria aparecer nesta sexta-feira na revista americana Science, pretende contribuir para elucidar parte desse mistério.

"A primeira descoberta das nossas pesquisas é que a qualidade do sono é determinada geneticamente", explica o professor Mehdi Tafti do Centre Intégratif de Génomique de l'Université de Lausanne, Ou seja, a qualidade do sono é hereditária.

Este professor e seus colegas acabam de identificar pela primeira vez o gene do "sono normal". Genes haviam sido identificados apenas ligados a doenças muito raras que provocam perturbações do sono.

MEDIDA DA QUALIDADE


Este gene é o que controla a atividade delta, melhor indicador da profundidade, da intensidade e da continuidade do sono e, por conseguinte, a sua qualidade. Os insones, as pessoas deprimidas e certas pessoas idosas apresentam assim um déficit na atividade delta.

No homem, esta atividade diminui com a idade, o que explica porque as crianças dormem profundamente e se recuperam durante o seu sono, enquanto as pessoas idosas não dormem geralmente tao bem.

A equipe de pesquisadores analisou esta atividade delta em cobaias. "Verificamos que certos ratos tinham um sono estranho porque lhes faltavam de atividade delta. Comparando seus genes com os de outros ratos, localizamos o gene responsável pela diferença ", explica o professor Tafti."



Papel da vitamina A

Esse gene foi identificado como sendo o mesmo do ácido retinóico, sobre o qual atua a vitamina A, presente em legumes como a cenoura ou também na gema do ovo. Os resultados do estudo sugerem por isso que a vitamina A influencia diretamente na qualidade do sono.

As investigações com ratos permitiram concluir que o excesso de vitamina A prejudica o sono, mas os cientistas desconhecem os efeitos da falta dessa vitamina. "Não sabemos exatamente qual é a taxa ideal", reconhece Mehdi Tafti.

Sabia-se que a vitamina A desempenhava um papel importante para o cérebro, principalmente para a visão, e também em certas doenças nervosas como Esquisofrenía, Alzheimer e Parkinson. Sabe-se, por outro lado, que estas doenças apresentam precisamente uma falta de atividade delta.

UM PASSO IMPORTANTE

A descoberta dos pesquisadores da Universidade de Losana poderá permitir compreender como o sono é controlado ao longo da vida. Poderá também explicar porque certos medicamentos que agem pela via dopaminérgica produzem sonolência.

Em contrapartida, o professor Tafti considera que é demasiado cedo ainda para dizer se representa uma real esperança para pessoas com insônia. "será necessário esperar um pouco mais para saber, mas a descoberta poderá contribuir para compreender anormalidades e permitir melhorar a qualidade do seu sono."
O cientista lembra que "o sono não depende unicamente dos genes, mas também do modo de vida". Considera, entretanto, que "o estudo permitiu estabelecer que um gene pode afetar o sono." algo ignorado até agora."

Fonte: SwissInfo